Sobrecarga de atividades foi a principal queixa das mulheres, segundo estudo da ONU Mulheres
A pandemia segue impactando direta e indiretamente a vida das mães empreendedoras. Pelo menos 63% delas relataram o aumento da carga de trabalho como desafio mais significativo e a principal barreira à sua dedicação ao negócio, superando as dificuldades econômicas pessoais e do país. É o que aponta o levantamento da ONU Mulheres, elaborado pelo Programa “Ganha-Ganha: Igualdade de Gênero Significa Bons Negócios”, para identificar os efeitos da pandemia nos empreendimentos geridos por elas.
De acordo com o estudo, depois da pandemia, “aumentou” ou “aumentou muito” para as mães o tempo dedicado às seguintes atividades: 92% no cuidado com os filhos e filhas; 85% na rotina de cuidado da casa; 74% do tempo gasto nas atividades escolares e 59% nas atividades do negócio. Além disso, “diminuiu” ou “diminuiu muito”, para 64% das mães, o tempo disponibilizado ao lazer e ao autocuidado.
Empreender, de acordo com a analista do Sebrae Minas Michelle Chalub, geralmente é uma possibilidade de essas mulheres terem mais independência e um horário de trabalho mais flexível. E, segundo ela, como as mulheres ainda são as que se ocupam mais dos afazeres domésticos e dos cuidados com os filhos, diante de uma pandemia surgiu o desafio de empreender com crianças sem escolas e creches.
“Um estudo feito pelo Sebrae Minas no ano passado revelou que a maternidade é um fator relevante para sete em cada dez mães que decidiram empreender. Mas, com a pandemia, a situação dos empreendedores se agravou e levou muitas a abdicarem parcial ou totalmente dos seus negócios, para dar maior assistência aos filhos”, explica a analista.
Mãe e empreendedora
Depois de trabalhar quatro anos em uma rede de farmácia em Montes Claros, Simony Mendes Neves engravidou de Benício, hoje com quatro anos, e precisou parar de trabalhar. Seis meses depois decidiu que era hora de voltar, mas encontrou dificuldades para conciliar emprego e os cuidados com o bebê.
Após trabalhar em sociedade com uma amiga, montou seu próprio negócio, a Simony_Acessorios, em Brasília de Minas. “Decidi abrir minha loja em casa e assim consigo trabalhar e cuidar do Benício. Ele nunca foi empecilho para eu empreender, ao contrário, é minha inspiração. É nele que eu busco coragem e determinação para enfrentar todos os desafios”, revela.
Simony conta que durante a pandemia enfrentou dificuldades, mas que agora as coisas estão melhorando. “Foi um período muito difícil, porque eu não podia ir na casa das clientes e, com isso, as vendas diminuíram muito. Agora, as coisas estão voltando ao normal e estou com grande procura para o Dia das Mães. Pela manhã, enquanto faço as vendas on-line, o Benicio fica comigo e, na parte da tarde, ele vai pra escola e aproveito para fazer as entregas”, conta.
Sebrae Delas
Para auxiliar as mulheres nos desafios do empreendedorismo, o Sebrae Minas tem um programa dedicado a apoiar e orientar mulheres que sonham em ter ou que precisam melhorar a gestão do próprio negócio. “O Sebrae Delas foi uma excelente ferramenta para essas mulheres no período de pandemia, pois oferece a oportunidade para que elas se capacitem, mantenham e melhorem seus negócios, tornando-os mais competitivos. Além disso, potencializa as expertises das mulheres, encorajando-as a trilharem o caminho de sucesso”, destaca Michelle Chalub.
Em 2021, cerca de 5 mil empreendedoras foram atendidas pelo Sebrae Delas em Minas Gerais. O programa oferece atividades de capacitação para o desenvolvimento de habilidades e competências, apoiando as mulheres a tornarem seus negócios mais competitivos e lucrativos, com reflexos também na vida pessoal delas. No Norte de Minas, o programa já atendeu 325 mulheres por meio de capacitações, oficinas, cursos e palestras.
Texto: Cida Santana