A pandemia da Covid-19 tem gerado diversos desafios à sociedade, seja pelos quadros graves de saúde ou em decorrência dos reflexos negativos da economia com o isolamento social. Embora a medida de distanciamento seja necessária para conter o avanço do novo coronavírus, a realidade para os educandos da Fundação Fé e Alegria Montes Claros tem sido diferente. Para reduzir os impactos causados a esse grupo mais vulnerável, a entidade apostou na tecnologia para dar continuidade as ações, de forma online. O método tem permitido construir uma ampla rede de colaboração que vai além dos círculos sociais e gera um impacto muito maior de empreendorismo.

De acordo com a coordenadora de projetos, Araceli Lopes, o curso é direcionado para jovens e adultos, de 18 a 59 anos de idade, moradores do bairro Independência e adjacências, que vivenciam situações de vulnerabilidade ou em risco social, considerados "público prioritário" previsto na Política de Assistência Social

Este é o terceiro triênio do Projeto INDITEX. Ao longo desses oito anos a Fundação, já atendeu mais de 500 pessoas diretamente. “Com a oferta de Cursos na linha de formação profissional é possível contribuir na capacitação e qualificação profissional e incentivar o acesso ao mercado de trabalho, seja formal ou informal. Muitas são as oportunidades geradas, para que os educandos (as) consigam abrir seu próprio negócio, mulheres se unam e formam grupos de Economia Solidária, desempregados consigam uma recolocação profissional e melhorem as condições de vida, favorecendo assim o alcance do desenvolvimento sustentável das famílias,- ressalta.

 Proposta

A proposta de trabalho, segundo a coordenadora de projetos, está pautada na oferta de Curso na linha de Moda Íntima, a escolha pelo ramo de Confecção de Peças Íntimas se deu por atender a grande demanda e necessidade posta pela comunidade e mulheres referenciadas ao território.

 Minas Gerais é considerada um potencial para o empreendedorismo e polo da moda íntima no Brasil. Portanto é válido identificar o mercado de lingerie como nichos e oportunidades para as mulheres empreenderem seus negócios e buscarem através dos seus trabalhos a realização de um sonho. A intenção é demonstrar que esses produtos vão muito além do seu valor comercial, representando a história de luta e superação de muitas mulheres.

          Em virtude do cenário da pandemia causado pela Covid-19, a proposta de ação deste Projeto precisou ser readequada e tornou-se necessário o planejamento de ações para que estas atendessem à nova realidade. “Com foco principal nas ações de cuidado, apoio e atenção, pretendeu-se ampliar as oportunidades referentes à prática profissional e à geração de trabalho e renda junto às educandas atendidas no Curso de Confecção de Peças Íntimas” - complementa.

Segundo Araceli, além da doação de cestas básicas para as famílias carentes, estão sendo doados mensalmente kits com materiais de confecções, para as mulheres produzirem, venderem e gerarem renda para auxiliar no sustento de suas famílias. Além disso, as educandas contam com o acompanhamento e suporte da educadora, por meio da oferta de orientações em relação à confecção e produção das peças (via Whatsapp e vídeos tutoriais). Para contribuir com a Formação Profissional a Fundação Fé e Alegria conta com a parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, que desenvolve ao longo do ano atividades de formação e capacitação profissional, por meio virtual ou com auxílio de apostilas, com conteúdos relacionados às temáticas previstas no currículo do Curso.

Benefícios do Curso de Confecção

A educanda, Mariluce Martins Fernandes, esclarece que já tem dois anos desde que conheceu o curso de peças íntimas. Ela conta que ficou sabendo através da sua irmã que mora no Bairro Carmelo. “É uma experiência única, fico feliz em aprender e participar dos cursos. Muita coisa mudou, aprendi coisas novas e isso é muito bom, porque está cada vez mais difícil arrumar um emprego e com esse curso conquisto a minha condição financeira. Enfim, só tenho que agradecer esse grande projeto da Fundação Fé e Alegria que ajuda nossos filhos sobrinhos e também grande parte das mulheres estou muito feliz.

De acordo com a educadora social, Maria Lúcia Araújo, responsável por ministrar o curso de Peças Íntimas Feminino e Masculino, 30 educandas são assistidas no período de 1 ano letivo de duração, sendo trabalhado a confecção passo-a-passo de peças infantis e adultos com o processo de - modelagem, corte, costura e auxílio no plano de comercialização e venda dos produtos. 

 “Este curso é uma oportunidade de passar conhecimentos teóricos e práticos profissionalizantes e agregar na qualidade de vida tanto financeira quanto pessoal, das alunas como uma maneira de inserir a comunidade num ciclo empreendedor” - pontua.

            Quem já desfruta destes benefícios é a educanda, Daniela Alves Fonseca, que desde fevereiro de 2021 conheceu o projeto por meio de uma amiga. “Estou aprendendo confeccionar peças infantis, experiência maravilhosa e realização de um sonho” - disse.

Uma experiência única também para a aluna,  Joana de Jesus Pereira da Cruz. “É meu primeiro contato com a costura e a professora explica bem e está disponível para tirar dúvidas, estou aprendendo a empreender e ser autossuficiente. Costurar sempre foi um sonho e hoje me sinto feliz e realizada, pois o ambiente é inclusivo e as pessoas sempre ajudam. Meu objetivo é aprender e me aperfeiçoar e quem sabe abrir uma loja ou um negócio” - conta.

Desafios

           Para a coordenadora de projetos, um dos desafios em relação ao Mundo do Trabalho são as diferenças históricas e culturais em relação às mulheres no mercado de trabalho, é preciso valorizar e reconhecer o talento feminino para combater a desigualdade entre homem e mulher. Desta forma, “a Fundação Fé e Alegria incentiva e contribui para a participação das mulheres nos espaços sociais, culturais e de acesso ao trabalho, como forma de promover a equidade de gênero, com ações de fomento a qualificação profissional e inserção ou reinserção no mercado de trabalho formal ou informal, busca estimular o protagonismo e a autonomia das mulheres em reconhecer o seu potencial e os seus sonhos, valorizando o Empreendedorismo Feminino e impulsionando novos negócios e a melhoria da qualidade de vida das assistidas e das suas famílias”- finaliza.

Redação / Fundação Fé e Alegria